O tempo passa.
Mesmo quando isso parece impossível.
Mesmo quando cada tique do relógio faz
sua cabeça doer como se fosse um fluxo
de sangue passando por uma ferida.
Ele passa desigual, em estranhos solavancos
e levando a calmaria embora, mas ele passa.
Mesmo pra mim.
Eu era como uma lua perdida -
meu planeta havia sido destruído em algum
desastre cataclísmico, um cenário de filme
desolador - que continuava, ainda assim, girando
ao redor da órbita apertada do buraco vazio
deixado pra trás, ignorando as leis da gravidade.